sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Feliz Dia dos professores, querida mestra!

O dia do professor não tem sido mais uma data para ser comemorada com exaltação e homenagens a tão importante profissional. A mídia impressa e televisiva só tem colaborado para depreciar a já desvalorizada categoria.

Nos jornais lemos que baixos salários afastam profissionais capacitados das salas de aulas. Nessa afirmação vemos embutido uma pretensa incapacidade dos docentes que atuam no magistério público.Lei mais

A questão não é o despreparo dos trabalhadores da Educação, mas a infraestrutura do sistema educacional que frusta qualquer tipo de trabalho. Bons profissionais usando ferramentas ruins por mais capacitados que sejam vão desenvolver precariamente suas funções. Como resultado temos a acomodação e a fuga por melhores condições físicas, humanas e de remuneração salarial.

É inadmissível, em homenagem aos mestres, a televisão divulgar repetidamente cenas nas quais um aluno subtrai o diário de classe de sua professora e ainda a agride por não concordar com a menção a ele atribuída.Leia mais

Que tipo de homenagem é essa? O que se pode esperar de uma sociedade que vê suas estruturas básicas sendo demolidas em cadeia nacional?

Os mesmos jornais e canais televisivos que depreciam mostram a solução. Países como Suécia, Japão nos dão a resposta. Além do fator cultural, há o investimento percentual do PIB em Educação o qual varia de nação para nação segundo a arrecadação e proporção que se é investido. Soma que não se resume apenas na valorização profissional por meio de bons salários, mas também, em materiais, infraestrutura e capacitação contínua.

Não queremos sentimento de compaixão por parte da sociedade, mas precisamos desta mesma sociedade se levantando e cobrando qualidade e equidade de investimentos dos gestores de políticas públicas. Tarefa árdua dentro de um país onde a desigualdade é um câncer histórico.

Se os clientes não são exigentes não há porquê se preocupar com a qualidade da mercadoria assim é o sistema capitalista. No entanto, se transferirmos essa analogia para a Educação pública percebemos que se a população é negligente com o destino de seus impostos e não sente lesada diretamente em seu bolso busca culpabilizar quem está mais próximo, a Escola, transformando em vilão os professores. São esses profissionais que estão na ponta da corda e que, muitas vezes, reproduzem o discurso do colonizador que sabe que o aluno não vai pagar a conta por esse caos.

Legalmente temos a nosso favor: Constituição Federal, Estatuto do Servidor, Estatuto do Magistério, Lei 9394/96 (LDB). Regulamentação não nos falta para que sejamos lembrados dos nossos deveres e obrigações. Quem está por detrás das mesas de processos e estudos sociológicos não pisa o chão escolar e analisa a situação friamente.

Terminar nosso dia rememorando a primeira professora, nostálgicos e agradecidos seria o mínimo para os docentes. Não precisaríamos passar essa data com um tremendo mal estar pedagógico pensando na possibilidade de meter logo o 171 pra cima de todo mundo. Faço uma menção aqui a Raul Seixas em Aluga-se: "nós não vamos pagar nada. É tudo free, vamos embora" ou então utopicamente vislumbrando reverter a situação munidos com nossas poderosas armas de combate: o conhecimento e o giz e às vezes nem ao menos o giz, nos sobrando apenas a ideologia.

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