quinta-feira, 23 de julho de 2009

Meu amigo se foi

SONETO DO GATO MORTO

Um gato vivo é qualquer coisa linda

Nada existe com mais serenidade

Mesmo parado ele caminha ainda

As selvas sinuosas da saudade


De ter sido feroz. À sua vinda

Altas correntes de eletricidade

Rompem do ar as lâminas em cinza

Numa silenciosa tempestade.


Por isso ele está sempre a rir de cada

Um de nós, e ao morrer perde o veludo

Fica torpe, ao avesso, opaco, torto


Acaba, é o antigato; porque nada

Nada parece mais com o fim de tudo

Que um gato morto.

Florença, Novembro de 1963

(Vinicius de Morais, Livro de Sonetos)

Meu Bastet, a gente foi feliz...você sempre será lembrado com carinho. Saudades.

17/07/2009


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